quinta-feira, 14 de abril de 2011

EXPLORAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS EM PORTUGAL

Em Portugal, a exploração de mármores data do tempo dos Romanos. A comprovar este facto, destacam-se os vestígios existentes da actividade extractiva desse povo, na zona de Vila Viçosa. As bases e os capitéis das colunas do Templo de Diana em Évora, constituem uma prova da exploração de mármores no séc. II da era Cristã. A utilização dos mármores Portugueses teve uma evolução natural ao longo dos tempos, comprovada pelas inúmeras obras e monumentos espalhados pelo Alentejo, desde o tempo dos Romanos até períodos mais recentes da monarquia Portuguesa (Palácio de Vila Viçosa). 

A utilização do mármore de Estremoz vem já da antiguidade, estando a nome da vila directamente ligado a este recurso. Segundo Crespo (in Costa, 1992) o nome da vila de Estremoz resulta de dois toponímicos: “estr” = “str” que significa brilhante e “mós” que significa pedras. 

No estrangeiro também aparecem indícios da  importância e aproveitamento económico dos mármores nacionais, citando-se a título de exemplo as exportações das rochas portuguesas para França, durante o reinado de Luís XIV (séc. XVII), para edificar as suas faustosas construções. 
Apesar da evolução registada, só no século XIX, a partir da Exposição Internacional de Paris (em 1855) se iniciou a nova era da indústria extractiva e transformadora das rochas ornamentais em Portugal (Castro e Sola, 1969, in Andrade e Apolinário, 1978). 

As pedreiras mais exploradas, nessa altura, eram as de Pêro Pinheiro (Sintra), que continuaram a sê-lo até meados deste século. A partir de então começou a incrementar-se a extracção dos calcários cristalinos Alentejanos (mármores), até aí incipiente. 

No período entre 1950-1970 registou-se uma grande dependência do mercado interno, pelo que os ciclos da actividade de construção civil se repercutiam de imediato, na actividade do sector. A exportação, embora já com valores significativos, era constituída principalmente, por blocos. 
A partir de meados da década de 1970, a abertura ao exterior da nossa economia teve uma influência decisiva no evoluir da estrutura da indústria de extracção e transformação das pedras naturais assistindo-se, a partir dessa data, a fortes taxas de investimento, e ao lançamento decisivo de empresas Portuguesas na conquista dos mercados externos.  

Em termos cronológicos, foi na década de 1950  que se assistiu à introdução do compressor de perfuração automática, e na década de 1960, à instalação da primeira grua (“Derrick”) nas pedreiras de St. António, em Estremoz. Na década de 1970 assiste-se ao início da electrificação das pedreiras do Alentejo, apesar da primeira máquina de fio diamantado só ser instalada no Anticlinal em 1989, mais propriamente numa pedreira de Borba (Martins, 1990). 
Em termos espaciais, o desenvolvimento e consolidação da indústria das rochas ornamentais em Portugal deu-se, numa primeira fase, segundo dois vectores locacionais: Pêro Pinheiro, como primeiro pólo da actividade extractiva, para depois se especializar, essencialmente, na actividade de transformação da pedra e o Anticlinal Estremoz-Borba-Vila Viçosa como ainda hoje, o grande centro da actividade extractiva de mármores. 

Actualmente, a actividade desta indústria está bastante mais dispersa pelas diferentes regiões do país, embora as localizações históricas continuem a ter uma relevância indiscutível no campo da produção. Um princípio determinante para a maior disseminação da actividade é a importância crescente que tem vindo a assumir a extracção e transformação, quer de mármores e de granitos, quer de outras variedades de calcários, com especial destaque  para a zona do Maciço Calcário Estremenho, a qual tem crescido de importância ao nível dos calcários sedimentares. 

Como se pode observar na Figura 1, as jazidas de mármores localizam-se maioritariamente no Alentejo, nos distritos de Évora e Beja, assumindo especial importância os calcários cristalinos do Anticlinal Estremoz-Borba-VilaViçosa. É de salientar que os mármores desta jazida assumem tonalidades englobando o branco, o creme, o rosa e o cinzento.
Figura 1 – Localização das principais jazidas de rochas ornamentais em Portugal. 
(adaptado de Martins, 1996a) 

Relativamente aos calcários sedimentares, os quais têm, ultimamente, vindo a assumir uma grande procura, quer a nível do mercado interno, quer mesmo ao nível da exportação, têm os seus pólos de extracção localizados na zona do Maciço Calcário Estremenho, nos distritos de Santarém, Alcobaça e Leiria. 

Os  granitos também abundam no Alentejo, especialmente no distrito de Portalegre, e na região Norte de Portugal, de onde se destacam os distritos de Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. 
As  lousas ou ardósias têm em Valongo, no distrito do Porto, o seu principal núcleo produtivo, enquanto o xisto é explorado, essencialmente, no Alentejo, mais propriamente nas localidades de Barrancos e Mourão.


Fonte: http://www.visaconsultores.com/pdf/Tese_MSc_HG.pdf 

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